Biden aposta muito em trazer as fábricas de volta para a América, com base em algumas ideias de Trump

Marlin Steel Wire Products, uma fabricante de cestos e cremalheiras de arame com sede em Baltimore, vista aqui em 22 de março de 2023. A empresa viu um aumento na demanda durante a COVID-19, que prejudicou as cadeias de suprimentos de concorrentes no exterior. / NPR

Quando a pandemia prejudicou as importações em 2020, a fábrica de Drew Greenblatt em Baltimore entrou em ação para ajudar os compradores americanos que lutavam para substituir as coisas que normalmente encomendavam do exterior.

"Começamos a fabricar postes intravenosos", disse Greenblatt, presidente da Marlin Steel Wire Products, onde gigantescas bandeiras americanas pairam sobre trabalhadores que cortam, dobram e soldam aço em prateleiras e cestos de arame. "Também começamos a fazer coisas como os suportes de desinfetante onde você coloca a mão embaixo do pequeno dispensador de sabão - que parou de vir do exterior. Os suportes para tubos de ensaio pararam de vir do exterior."

A confusão na cadeia de suprimentos observada na economia dos EUA durante a pandemia reforçou um pilar central da política econômica do presidente Biden: ele diz que agora é a hora de investir na América, fazer coisas na América e comprar coisas feitas na América.

A Marlin Steel fabrica produtos de arame especializados, como essas cestas vistas em sua fábrica em Baltimore, usadas por empresas farmacêuticas, de processamento de alimentos e aeroespaciais na América do Norte, Europa e Ásia. / NPR

A visão de Biden é que o governo atraia de volta a fabricação que se mudou para o exterior, principalmente semicondutores e veículos elétricos.

"Pessoal, onde está escrito que a América não pode mais uma vez ser a capital industrial do mundo?" Biden disse em uma visita no início deste mês a uma fábrica da Cummins em Minneapolis que fabrica um dispositivo usado para produzir energia limpa.

Em discurso após discurso, enquanto se prepara para sua candidatura à reeleição, Biden está defendendo seu tipo de política industrial - usando impostos, subsídios e regulamentações para moldar sistematicamente a economia.

Coletivamente, as políticas econômicas do presidente marcam um tipo de intervenção política no setor privado que não se via há décadas.

"Entre os economistas e os principais formuladores de políticas, acho que a política industrial por várias décadas tem sido uma espécie de palavrão", disse Dani Rodrik, economista da Universidade de Harvard que é especialista na área.

"Acho que isso mudou completamente agora", disse Rodrik. "Com o presidente Biden ... estamos conversando sobre política industrial de forma consciente e aberta."

Em Baltimore, Greenblatt disse estar satisfeito com o fato de Biden estar, em suas palavras, "seguindo" algumas das políticas do ex-presidente Donald Trump - políticas que ele disse também serem políticas inteligentes.

"Quem conseguir que mais fábricas cresçam mais rápido na América ganhará muitos votos", disse Greenblatt.

Drew Greenblatt é dono da Marlin Steel há 25 anos. "Quem conseguir que mais fábricas cresçam mais rápido na América vai ganhar muitos votos", disse ele. / NPR

Trump fez campanha para romper acordos comerciais e trazer de volta a manufatura - uma mensagem que ressoou entre os eleitores brancos da classe trabalhadora - e, como presidente, impôs tarifas massivas sobre produtos vindos da China.

"Queremos garantir que mais produtos sejam orgulhosamente estampados com a frase - aquela linda frase - made in USA", disse Trump em outubro de 2020 em Allentown, Pensilvânia, um refrão que ele usou repetidamente em seus comícios.

Até agora, Biden manteve as tarifas de Trump sobre a China.

"Você pode recortar e colar algumas das políticas comerciais de Trump, e elas agora são a plataforma democrata", disse Scott Paul, presidente da Alliance for American Manufacturing, um grupo de lobby que há muito resiste ao espírito de livre comércio que dominou Washington. por décadas.

A visão é semelhante, disse Christine McDaniel, ex-funcionária comercial do governo dos EUA em vários governos que agora trabalha no Mercatus Center da George Mason University. Ela viu com alarme a mudança em direção à política industrial e o afastamento do livre comércio, observando que o governo tem um histórico ruim de "escolher vencedores e perdedores" por meio de intervenções na economia.